
"E quando cravei o dedo indicador no meu olho direito, com toda força, com muita pressão, meu olho estava aberto e dava pra sentir gelada e gelatinosa, a pupila sendo esmagada para dentro. Não tive tempo de sentir dor nenhuma. O que dava pra enxergar, não com o olho, mas com a lógica, foi a profundidade do meu interior. A perspectiva era outra. Minha cabeça era muito mais complexa do que quando eu a via pelo espelho. Tinha outra dimensão todo meu corpo. Meu olho, se soubesse falar, falaria em outro nível de proporção. Mas, enquanto eu observava tudo lá dentro, por outro lado, aqui fora, nas bordas do olho, escorria sangue as montes. Expurgava veias e nervos. A pele, além de irritada estava em carne viva. Porém, a visão que tinha de dentro era muito mais sublime. E quanto mais eu olhava para dentro e mais cravava meu dedo, mais eu tinha certeza. Tudo era lindo. Tudo me instigava a mergulhar mais e mais numa endoscopia de mim mesmo, feita por mim mesmo"
Nenhum comentário:
Postar um comentário